Andreas Gursky - os órgãos e os rastros do gigante

Existem pessoas que têm a vida resumida para se alcançar um só objetivo, seja no trabalho, na convivência com as pessoas, ou na arte. Na fotografia, Andreas Gursky deve ter descoberto o dele durante a época em que manteve contato com os Becher. O alemão, nascido em 1955, aproveitou o contato próximo com o casal de fotógrafos na Escola de Dusseldorf para reparar o modo como Bernd e Hilla Becher tratavam a fotografia.

As fotografias do casal sempre retratavam o desgaste da era de produção capitalista no pós-1945, fotografando ruínas de galpões, silos e indústrias abandonadas. Enquanto os tutores registravam em preto&branco o fim da época de produção em seu aspecto mais bruto, Gursky notava que uma nova era do capitalismo surgia. Decidiu fotografar detalhes desse novo tempo, daquilo que provavelmente no futuro será lembrado, possivelmente de modo assombroso, como os resquícios da presença humana sobre o planeta.

Talvez o contato com representantes da vanguarda pós-1945 durante a época em que era estudante provocou em Gursky uma mudança no padrão da linguagem fotográfica, uma contribuição importante. Suas fotos ora são como radiografias coloridas de órgãos vitais da sociedade moderna, por outra são registros dos efeitos da passagem dos homens pelo mundo.

Com uma preferência pelo formato horizontal, repetições de elementos e a miniaturização de elementos, o fotógrafo molda o discurso das suas fotos para retratar o grandioso. Além disso, a partir dos anos 90 ele iniciou o trabalho com ampliações de mais de 5 metros de altura, possibilitando uma riqueza de detalhes muito grande às suas fotos. Seus últimos trabalhos refletem um interesse pela imagem digital, trabalhando com sobreposições de elementos como a série Dubai Worlds, de 2008.

"Minha preferência por estruturas limpas é resultado de um desejo - talvez ilusório - em continuar seguindo o rumo das coisas e manter minha presença pelo mundo" - Andreas Gursky.
Em Gursky, o capitalismo das últimas décadas se transforma em um exuberante colosso. Miniaturizados nas imagens, nós encaramos a grandiosidade pavorosa da sociedade contemporânea. São como uma pequena fagulha de sublime, lançando assombro e temor a quem olhar através do grande, do caro e do global.

seja o primeiro a comentar!

 
BlogBlogs.Com.Br